ADAPTAÇÃO DO TEMPO E ESPAÇO DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL



A adaptação da criança ao ambiente escolar é um momento delicado: instante em que o processo de ruptura de dependência entre esta e o responsável se inicia de forma significativa. É sempre um momento difícil para a criança, uma vez que a simbiose entre mãe e filho ainda não foi completamente encerrada; muitas vezes também é para os responsáveis quando há despreparo, ligações afetivas muito fortes, insegurança e outros fatores. Dentre todos os elementos que compõe esse processo, é à instituição educacional que cabem as maiores responsabilidades, uma vez que é onde estão os profissionais que devem estar preparados para este tipo de situação.

O ambiente escolar deve ser capaz de fornecer diversos recursos para essa criança e esses pais, a começar pela idealização dessa aproximação: quem são os profissionais que irão acompanhar essa família; como se dará essa aproximação; o que será oferecido e o que se espera dos responsáveis; o que é comum e o que não é; e toda sorte de orientações com o professor, o psicólogo escolar e a direção pedagógica.

Do Professor, que passará a ser a figura central na vivência dessa criança (ou é o que se espera como fase inicial da adaptação) exige-se um comportamento muito profissional: deve ser capaz de perceber, interpretar e operar sobre os sinais que essa criança lhe oferecer durante a aproximação levando em conta que a Transferência é um fenômeno comum, mas que não deve ser reforçada positivamente e nem suprimida totalmente, é necessário encontrar um espaço balanceado entre a afetividade trazida pela criança e o espaço saudável da figura de professor, distinta da imagem idealizada que a criança tem dos pais.
[Aqui entra o parêntese que separa a atual realidade da sala de aula brasileira e o que deveríamos ter: um professor com alunos na primeira infância em fase de adaptação pode lidar com uma sala superlotada? Como observar cada criança e oferecer o suporte necessário para suas necessidades num ambiente mal preparado? Existem outras tantas questões para as respostas de "não", "não temos", "não podemos". O professor é um profissional mal formado, quase sempre, mal remunerado, quase sempre, em condições de trabalho pouco condizentes, quase sempre; mas, invariavelmente, carrega responsabilidades muito pesadas que envolvem o exercício da sua função e outras tantas que não são suas mas deve carrega-las assim mesmo. E é por isso que falamos agora do Psicólogo Escolar]

Há ainda a imagem do Psicólogo Escolar, responsável, mais do que o professor, com a adaptação dos pais. É preciso que o profissional faça a devida aproximação com os responsáveis pela criança antes que ela inicie o processo de adaptação dentro da escola para garantir que estão preparados e serão verdadeiros aliados nessa construção. É importante que isso aconteça porque pais também podem ter grande dependência sobre seus filhos, ansiedade e despreparo, tornando-se um fator negativo na adaptação da criança. Vemos agora que este é um ponto crucial que define se os pais serão elementos aliados ou impeditivos do processo.
Para que esse profissional exerça suas funções como deve, é necessário que a ele não sejam atribuídas outras atividades que não condizem com seu trabalho, como receber alunos com dor de cabeça em sua sala (que na verdade são os alunos que não querem participar das atividades de sala de aula por alguma razão e o professor responsável não pôde ou não quis investigar e estimular.

Por último, e não menos importante, a Coordenação Pedagógica. Para que o processo de adaptação funcione o maior articulador entre professor, família, psicólogo e escola deve ser a coordenação pedagógica da instituição. É importante que, junto aos profissionais envolvidos, haja espaço no calendário de atividades para a adaptação, marcação de reuniões, divulgação de avisos e propostas pedagógicas pertinentes; além é claro para a flexibilidade necessária para dar cabo de um processo tão fluido.

Dessa maneira podemos perceber que a responsabilidade da adaptação, comumente atribuída à figura professoral e compartilhada com os pais é, na verdade, de responsabilidade de toda uma equipe, e os pais, assim como as crianças, devem ser tratadas como elementos a serem adaptados antes de poderem fazer parte da equipe condutora deste processo. Para você, existem outros fatores a considerar? Que referências técnico-metodológicas você leva em consideração, sendo você professor, psicólogo escolar ou coordenador pedagógico?


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A SAÚDE DO PROFESSOR QUE ATUA EM SALA DE AULA


Palavras-chave: Saúde do tralhador; condições de trabalho; readaptação; qualidade de vida.

É de conhecimento geral que o exercício docente é extremamente desgastante, que muitos profissionais se readaptam ao longo da carreira por não conseguirem manter o exercício em sala de aula por questões de saúde e que as condições de trabalho não são favoráveis. Mas onde está a discussão sobre a temática? Onde estão as políticas de promoção à saúde voltadas ao docente, a valorização do profissional, as adicionais de insalubridade? No final das contas, precisamos falar sobre a saúde do professor.
Pra começar trago o artigo publicado por Facci et al¹., uma entrevista com vinte professores da educação básica dos quais oito respostas emitidas foram depressão, duas foram problemas musculares e duas problemas ortopédicos (além de outras respostas). Esses dados trazem a emergência da temática: uma concentração muito alta de enfermidades da mente e do corpo para tão poucos profissionais. As profissões, na sua devida medida, carregam suas características, funções, prós e contras. Os riscos da atividade docente, no entanto, têm sido socialmente menosprezadas e politicamente negligenciados. A categoria não tem poder de barganha sobre a sociedade civil uma vez que é um profissional pouco valorizado pelo brasileiro. Suas demonstrações públicas de insatisfação, como passeatas e protestos, muitas vezes são recebidas com truculência mais rapidamente que outros setores (o que nos leva a discussão da sua saúde física em outros espaços, mas fica pra uma próxima postagem). 
Tais fatores ocorrem, de forma primeva, por não haverem condições de trabalho adequadas para o exercício da profissão. Enfermeirxs precisam de luvas e máscara, ambiente esterilizado e muitos outros fatores; pedreirxs precisam de um dia sem chuva, cimento e muitos outros fatores. Os professores também precisam de condições de trabalho para exercer suas funções e "o desempenho do trabalho docente ultrapassa a qualidade da formação do professor, na medida em que as condições de trabalho incidem, diretamente, sobre o exercício da profissão e sobre os próprios professores" (GOMES, 2019²).
Para iniciarmos essa discussão recomendo ainda a leitura Althaus e Lima sobre "Formação docente continuada, desenvolvimento de práticas pedagógicas em sala de aula e promoção da saúde do professor: relações necessárias³" (que é o título de seu trabalho).


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1 - FACCI, M.; URT, S.; BARROS, A. T. Professor readaptado: a precarização do trabalho. Psicologia Escolar e Educacional, 22, AGOSTO 2018. 281-290. Disponivel em: <https://www.scielo.br/pdf/pee/v22n2/2175-3539-pee-22-02-281.pdf>. Acesso em: MAIO 2020.

2 - GOMES, V.; NUNES, C. M.; PÁDUA, K. Condições de trabalho e valorização docente: um diálogo com professores do ensino fundamental I. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 100, p. 277-296, maio/ago 2019. Disponivel em: <https://www.scielo.br/pdf/rbeped/v100n255/2176-6681-rbeped-100-255-277.pdf>. Acesso em: maio 2020.


3 - LIMA, A.; ALTHAUS, D. Formação docente continuada, desenvolvimento de práticas pedagógicas em sala de aula e promoção da saúde do professor: relações necessárias. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 97, p. 97-116, jan/abr 2016. Disponivel em: <https://www.scielo.br/pdf/rbeped/v97n245/2176-6681-rbeped-97-245-00097.pdf>. Acesso em: maio 2020.

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