A SAÚDE DO PROFESSOR QUE ATUA EM SALA DE AULA


Palavras-chave: Saúde do tralhador; condições de trabalho; readaptação; qualidade de vida.

É de conhecimento geral que o exercício docente é extremamente desgastante, que muitos profissionais se readaptam ao longo da carreira por não conseguirem manter o exercício em sala de aula por questões de saúde e que as condições de trabalho não são favoráveis. Mas onde está a discussão sobre a temática? Onde estão as políticas de promoção à saúde voltadas ao docente, a valorização do profissional, as adicionais de insalubridade? No final das contas, precisamos falar sobre a saúde do professor.
Pra começar trago o artigo publicado por Facci et al¹., uma entrevista com vinte professores da educação básica dos quais oito respostas emitidas foram depressão, duas foram problemas musculares e duas problemas ortopédicos (além de outras respostas). Esses dados trazem a emergência da temática: uma concentração muito alta de enfermidades da mente e do corpo para tão poucos profissionais. As profissões, na sua devida medida, carregam suas características, funções, prós e contras. Os riscos da atividade docente, no entanto, têm sido socialmente menosprezadas e politicamente negligenciados. A categoria não tem poder de barganha sobre a sociedade civil uma vez que é um profissional pouco valorizado pelo brasileiro. Suas demonstrações públicas de insatisfação, como passeatas e protestos, muitas vezes são recebidas com truculência mais rapidamente que outros setores (o que nos leva a discussão da sua saúde física em outros espaços, mas fica pra uma próxima postagem). 
Tais fatores ocorrem, de forma primeva, por não haverem condições de trabalho adequadas para o exercício da profissão. Enfermeirxs precisam de luvas e máscara, ambiente esterilizado e muitos outros fatores; pedreirxs precisam de um dia sem chuva, cimento e muitos outros fatores. Os professores também precisam de condições de trabalho para exercer suas funções e "o desempenho do trabalho docente ultrapassa a qualidade da formação do professor, na medida em que as condições de trabalho incidem, diretamente, sobre o exercício da profissão e sobre os próprios professores" (GOMES, 2019²).
Para iniciarmos essa discussão recomendo ainda a leitura Althaus e Lima sobre "Formação docente continuada, desenvolvimento de práticas pedagógicas em sala de aula e promoção da saúde do professor: relações necessárias³" (que é o título de seu trabalho).


A educação por todos e nós por ela!


1 - FACCI, M.; URT, S.; BARROS, A. T. Professor readaptado: a precarização do trabalho. Psicologia Escolar e Educacional, 22, AGOSTO 2018. 281-290. Disponivel em: <https://www.scielo.br/pdf/pee/v22n2/2175-3539-pee-22-02-281.pdf>. Acesso em: MAIO 2020.

2 - GOMES, V.; NUNES, C. M.; PÁDUA, K. Condições de trabalho e valorização docente: um diálogo com professores do ensino fundamental I. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 100, p. 277-296, maio/ago 2019. Disponivel em: <https://www.scielo.br/pdf/rbeped/v100n255/2176-6681-rbeped-100-255-277.pdf>. Acesso em: maio 2020.


3 - LIMA, A.; ALTHAUS, D. Formação docente continuada, desenvolvimento de práticas pedagógicas em sala de aula e promoção da saúde do professor: relações necessárias. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 97, p. 97-116, jan/abr 2016. Disponivel em: <https://www.scielo.br/pdf/rbeped/v97n245/2176-6681-rbeped-97-245-00097.pdf>. Acesso em: maio 2020.

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